sábado, 3 de agosto de 2013

Como a economia dos EUA está sendo recalculada

Kim Gittleson
Atualizado em  3 de agosto, 2013 - 17:58 (Brasília) 20:58 GMT
Foto: AP
Economistas tentam contabilizar investimentos em produtos culturais, como seriados de TV
A forma como a economia americana é medida tem mudado para incluir, pela primeira vez, cálculos de propriedade intelectual, como produção de canções pop e patentes de medicamentos.
"O PIB é provavelmente a estatística individual mais importante afetando negócios, lares e governos", diz Steve Landefeld, diretor do Escritório de Análises Econômicas (BEA, na sigla em inglês), que mede o produto interno bruto ─ o total de bens e serviços produzidos pela economia a cada trimestre.
Calcular o PIB é uma missão difícil, diz ele, "porque estamos (tentando medir) uma economia em constante transformação".
Agora, no que o BEA chama de a maior mudança de cálculos desde 1999, a medição da atividade econômica americana está sendo atualizada.
O objetivo é finalmente incluir algo que muitos já perceberam: a transição de uma produção econômica fabril e agrícola para uma de conhecimento, que represente os investimentos e a produção econômica em propriedade intelectual, incluindo desde os gastos em produzir um seriado de sucesso na TV até a pesquisa pela cura do câncer.
Entenda por que e como isso funciona:
Homem-Aranha | | Foto: Getty
'Homem-Aranha' deu lucro, mas nem todos os investimentos foram contabilizados
Pense em 2007. Foi o ano das franquias cinematográficas: Homem-Aranha 3 e Shrek 3lideraram as bilheterias.
Para os economistas, esses filmes foram alguns dos mais misteriosos produtos criados pela economia americana naquele ano.
Apesar de a renda de bilheterias, DVDs e exibições na TV ter sido incluída no cálculo do PIB dos EUA, nenhum centavo do dinheiro gasto na criação desses filmes ─ ou na criação de qualquer programa de TV ou canção ─ foi contabilizado.
O BEA estima que, em 2007, o total gasto na produção criativa (de filmes, TV e música) foi de US$ 70 bilhões (R$ 160 bilhões na cotação atual). No entanto, por conta do método do cálculo do PIB na época, nada disso foi levado em conta no resultado final.
Se a isso forem somados os gastos em pesquisa e desenvolvimento ─ como a produção de um novo medicamento para pressão alta ou um chip de computador ─, temos mais US$ 300 bilhões que não foram contabilizados.
A partir de agora, esses investimentos, bem como ajustes na forma como pensões são calculadas dentro da atividade econômica, passarão a ser incluídos nos números consolidados.