sábado, 24 de agosto de 2013

Obama pede mais informações sobre ataque químico e admite reticência em relação a intervenção

Obama pede mais informações sobre ataque químico e admite reticência em relação a intervenção

Publicação: 24/08/2013 07:29 Atualização: 24/08/2013 07:31

 (reuters)
Washington %u2013 O presidente norte-americano, Barack Obama, indicou que os Estados Unidos não estão interessados em uma intervenção militar na Síria, em resposta ao ataque químico que teria deixado mais de 1,3 mil mortos no subúrbio de Damasco. Em entrevista à TV CNN, o chefe de Estado lembrou os custos humanos e financeiros da intervenção militar no Afeganistão e afirmou que tal experiência o deixou mais cauteloso sobre uma nova ofensiva. "Observamos pessoas que pedem uma ação imediata, que nos colocam em situações muito difíceis, quando somos arrastados a intervenções caras, difíceis, que, no fim, provocam mais ressentimento na região", justificou. Obama classificou a situação na Síria de "muito preocupante" e reforçou o pedido para que a comunidade internacional tenha mais informações sobre o suposto uso de armas químicas contra a população. Ontem, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) informou que 1 milhão de crianças sírias já foram registradas como refugiadas do conflito.

A cautela de Obama contrasta com as cobranças por uma ação firme, por parte de países como Franças, Reino Unido e Turquia. De Londres, o chanceler britânico, William Hague, foi categórico ao afirmar que houve "um ataque químico do regime do presidente Bashar al-Assad", mas reiterou a importância da confirmação das Nações Unidas. "Nossa prioridade, no momento, é garantir que a equipe de inspetores da ONU investigue o local. Se isso não ocorrer nos próximos dias, nós estaremos prontos para acionar o Conselho de Segurança para obter um mandato mais poderoso", declarou Hague à rede BBC. O governo russo, aliado do presidente Bashar al-Assad e que também cobrou investigações, considerou "inaceitável" o uso de força na Síria.

O presidente Obama ainda evitou especular sobre se houve ou não um ataque químico no país. No entanto, crescem pressões por providências dentro dos EUA. Análises preliminares feitas por agência de inteligências aliadas ao governo americano deram sinais positivos para o uso de gases tóxicos nos arredores de Damasco, o que poderia pressionar ainda mais o presidente Obama. Fontes informaram que a busca por provas mais conclusivas continua. Ativistas sírios estariam tentando enviar amostras "contrabandeadas" de tecido das vítima dos gases tóxicos para inspetores das Nações Unidas em Damasco e outras fontes afirmam que conseguiram retiras amostras do país. Segundo o jornal britânico The Guardian, pelo menos três vítimas do suposto ataque químico foram levadas à Jordânia para terem amostras de sangue analisadas por peritos.

O enviado especial da Liga Árabe e da ONU, Lakhdar Brahimi, avaliou ontem que o conflito sírio é "a maior ameaça à paz mundial", especialmente após a suposta utilização de armas químicas. O secretário-geral da organização, Ban Ki-Moon, reiterou que o uso de arsenal não convencional constituiria um "crime contra a humanidade" e alertou para "graves consequências". A ONU também aumentou a pressão sobre o regime de Al-Assad para que seus inspetores sejam autorizados a apurar o caso. A subsecretária-geral para o desarmamento, Angela Kane, deve ser recebida em Damasco hoje para negociar as modalidades das inspeções.