Por que brigam a União Europeia e o Google
Autoridades do bloco acusam companhia de violar leis antitruste com mecanismos de busca
A batalha mais esperada e longamente adiada da era digital começou na terça-feira. Durante mais de uma hora, na quarta-feira, em Bruxelas, a chefe da União Europeia para a competição, Magrethe Vestager, detalhou as bases da acusação do bloco europeu contra o gigante da internet Google.
É a primeira vez que uma autoridade regulatória apresenta queixa formal contra o conglomerado baseado na Califórnia. É também o principal processo movido pela União Europeia contra uma companhia dos EUA.
Em comunicado, os reguladores europeus disseram que haviam chegado à conclusão preliminar de que o Google "sistematicamente posiciona e mostra com proeminência seu serviço de comparação de compras em suas páginas gerais de busca, independentemente de seus méritos". Essa conduta começou a ser adotada em 2008, segundo os reguladores.
Também foi aberta uma investigação formal separada sobre as práticas de negócios do Google em relação a seu sistema Android para celulares. Ex-ministra da Economia, a dinamarquesa Vestager deu agilidade ao processo e decidiu pela acusação em seis meses, enquanto seu antecessor prolongara a análise da matéria por cinco anos. Ela negou que a medida tenha sido um gesto protecionista europeu e lembrou que companhias americanas foram as primeiras a reclamar do Google.
– Meus filhos e eu nunca consideramos por um minuto se é uma companhia dos Estados Unidos ou europeia. A razão pela qual o usamos é que o Google tem produtos muito bons – disse.
Uma decisão final da UE pode sair ainda este ano, após o Google ter a chance de enviar explicações para os reguladores. O caso pode influenciar os reguladores em outras jurisdições, segundo especialistas.
Com tempo suficiente para se preparar para o embate jurídico e junto à opinião pública, o Google disse a seus funcionários nesta quinta-feira que tem argumentos muito fortes contra as acusações. No passado, a empresa negou desobedecer a leis antitruste e argumentou que beneficia os consumidores ao fornecer respostas mais diretas para pesquisas online de seus próprios serviços.
Entenda o embate
As acusaçõesApós cinco anos de investigação, a Comissão Europeia avalia que o Google favorece ou favoreceu seu próprio serviço de comparação de preços, GoogleShopping, e seu antecessor, Google Product Search, em detrimento dos mesmos serviços oferecidos pelos concorrentes. Bruxelas não exclui focar também em outras ferramentas, como o Google Flights, que pesquisa passagens aéreas.
Impacto políticoO presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acusou a União Europeia de investigar os gigantes da internet para defender seus interesses comerciais.
O que esperar
Em sua notificação de imputações, a Comissão sugere ao Google que "trate seu próprio serviço de comparação de preços da mesma maneira que trata seus concorrentes".
Em sua notificação de imputações, a Comissão sugere ao Google que "trate seu próprio serviço de comparação de preços da mesma maneira que trata seus concorrentes".
O que pode acontecerNo pior dos casos, o Google pode sofrer uma multa de até 10% do seu volume de negócios, ou seja, mais de US$ 6 bilhões.do ZH