domingo, 3 de novembro de 2013

Escolha de premiê tunisiano é adiada para segunda-feira

Escolha de premiê tunisiano é adiada para segunda-feira

AFP - Agence France-Presse
Publicação: 03/11/2013 10:52 Atualização:

A oposição e os islamitas tunisianos no poder deverão chegar a um acordo até segunda-feira sobre o nome do futuro primeiro-ministro independente, que terá a difícil tarefa de tirar o país de uma crise política alimentada pela violência jihadista.
Neste domingo, frente ao aumento dos ataques atribuídos a grupos armados, a presidência prorrogou "até o final de 2014" o estado de emergência em vigor desde a revolução de janeiro de 2011.
No plano político, "o prazo final para o anúncio do nome do chefe de Governo passou a ser segunda-feira às 11h00 GMT (9H00 no horário de Brasília)", indicou o sindicato UGTT, principal mediador da crise, em sua página no Facebook.
Segundo a assessoria de imprensa da organização, as negociações devem ser retomadas segunda-feira às 08h00 GMT.
O diálogo nacional iniciado há uma semana deve levar à nomeação de uma personalidade que irá suceder o primeiro-ministro islamita Ali Larayedh e conduzir a Tunísia às eleições.
Segundo representantes dos partidos políticos citados pela imprensa tunisiana, os negociadores estão divididos entre dois candidatos: Mohamed Ennaceur, 79 anos, e Ahmed Mestiri, 88, dois veteranos da política que foram ministros com o primeiro presidente e pai da independência, Habib Bourguiba.
A oposição considera Mestiri frágil fisicamente e teme que o Ennahda tente controlar indiretamente o governo.
"O Ennahda quer deixar o poder pela porta e voltar pela janela", declarou nesta madrugada Hamma Hammami, líder da coalizão de esquerda Frente Popular.
"Eles querem nomear alguém para tomar as decisões em seu lugar", acrescentou, considerando que Mestiri não está em condições físicas de "trabalhar quatorze horas por dia".
"Consideramos que Mestiri é o homem da situação. Ele não está ligado a ninguém", afirmou por sua vez Zied Laadhari, porta-voz do Ennahda.
O diálogo nacional têm como objetivo pôr um ponto final a uma crise política que paralisa o país desde o assassinato do influente deputado opositor Mohamed Brahmi, no final de julho. O crime foi atribuído a um movimento jihadista que intensificou seus ataques depois da revolução de janeiro de 2011.
A saída da crise implica a formação de um governo independente, mas Larayedh condicionou a sua saída do poder à estrita aplicação da agenda de negociações, que inclui a implementação de uma legislação e de um calendário eleitoral, bem como o lançamento do processo de aprovação da Constituição.
Sua renúncia formal deve acontecer em meados de novembro, enquanto os problemas e atrasos se acumulam.
A eleição dos membros da futura comissão eleitoral pela ANC, inicialmente prevista para sábado, foi adiada.
Um tribunal administrativo notificou a Constituinte que ela deveria esperar a promulgação da lei que cria a instância e a sua publicação no Diário Oficial antes da escolha de seus membros.
E ainda, a adoção da lei eleitoral, que deveria acontecer antes de 9 de novembro, também deve demorar já que os trabalhos ainda não começaram.
"O processo não começou (...) tudo foi adiado... até quando?", questionou o partido de oposição Al Massar em um comunicado.
Junto a esta crise insustentável, as tensões de segurança continuam a crescer.
Assim, o chefe de Estado Moncef Marzuki prorrogou o estado de emergência, que dá amplos poderes para a polícia e ao Exército, de oito meses até junho de 2014.
Pela primeira vez desde a revolução de janeiro, dois ataques atribuídos aos jihadistas contra locais turísticos foram registrados na quarta-feira sem vítimas.
Durante o mês de outubro, nove policiais foram mortos em confrontos.
Apesar dos ataques não terem sido reivindicados, o governo culpa grupos ligados aos salafistas do Ansar Ashariaa, movimento ligado à Al-Qaeda.
A oposição acusa o Ennahda de não coibir com eficácia a violência extremista.
Os islamitas do Ennahda assumiram a liderança do governo nacional em eleições democráticas realizadas depois da queda do presidente Zine El Abidine Ben Ali, em janeiro de 2011. A Tunísia é considerada o berço do grande movimento de contestação que varreu vários governos autoritários no norte da África e no Oriente Médio, chamado de Primavera Árabe.