'Os cubanos estão no mundo inteiro', diz médica que trabalha no interior de SP

A médica cubana Tânia Aguiar Sosa começou a trabalhar em setembro em Pedreira, interior de São Paulo Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra
A médica cubana Tânia Aguiar Sosa começou a trabalhar em setembro em Pedreira, interior de São Paulo
Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra
  • Direto de Pedreira (SP)
A médica cubana Tânia Aguiar Sosa tem 45 anos, 21 anos deles de experiência profissional. É formada em medicina geral integral, com mestrado em especialização em medicina física e reabilitação na Faculdade de Cienfuegos, em Cuba. No período que passará no Brasil cuidando de famílias brasileiras, ela teve que abrir mão de sua própria família: uma filha de 15 anos e o marido, que ficaram em Aguada de Pasaferos, província de Cienfuegos, em Cuba.
Tânia integra o programa Mais Médicos do governo federal e, assim como os médicos de outras nacionalidades que aderiram ao Programa de Saúde da Família no Brasil, deixou para trás entes queridos, parentes, filhos e cônjuges.
Tânia com o médico Eduardo Francisco Mestre Rodriguez, que chegou em 1995 em Pedreira para implantar o Programa de Saúde de Família e mora na cidade até hoje Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra
Tânia com o médico Eduardo Francisco Mestre Rodriguez, que chegou em 1995 em Pedreira para implantar o Programa de Saúde de Família e mora na cidade até hoje
Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra
Ela chegou à Pedreira, interior de São Paulo, em setembro, e teve uma recepção com a presença de autoridades da cidade e dos colegas, que a auxiliam nos procedimentos no Posto de Saúde da Família do Jardim Andrade. O local é responsável por atender à população do bairro, que gira em torno de 6 mil habitantes.
Tânia não é a primeira médica cubana a integrar o Programa de Saúde da Família na cidade. Em 1995, quando pouco se falava na importação de médicos para o serviço público no Brasil, a cidade recebeu o cubano Eduardo Francisco Mestre Rodriguez. Ele iria ficar seis meses, mas foi convidado a ficar e mora no município até hoje.
A seguir, confira uma entrevista com a médica cubana.  
Terra: O que a senhora esperava encontrar aqui em Brasil, no caso em Pedreira, onde a senhora está trabalhando? Dificuldades? Desafios? Problemas em exercer a sua profissão?
Não encontrei problemas. A saúde no Brasil é bem parecida com a de Cuba. O sistema de saúde é quase igual, o atendimento médico também é muito parecido. Comecei a trabalhar e encontrei doenças parecidas com as que ocorrem em Cuba. Não tem desafio, talvez o único seja a troca de conhecimento entre os médicos brasileiros e os médicos cubanos. Vamos cambiar (trocar) conhecimento e inteligência.

Terra: O que a senhora sentiu ao ter contato com os pacientes brasileiros?  Foi boa essa aproximação? 
Os pacientes brasileiros são pessoas muito agradáveis. As pessoas estão muito convencidas do trabalho que vou fazer aqui. Somos médicos com anos de experiência, por isso trabalhamos não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Os cubanos estão em Angola, China, Nicarágua, Haiti, em muitas localidades do mundo.

Terra: Por que a senhora escolheu o Brasil?
Eu já fui trabalhar na Venezuela e também Haiti. Agora o Brasil tem necessidade de médicos. Eu estou no Brasil para prestar assistência médica. O médico é importante não só no Brasil, não só em Cuba, é importante no mundo inteiro. Não são só cubanos que estão aqui no Brasil. Também tem argentinos, espanhóis, portugueses, tem o mundo inteiro prestando assistência médica no Brasil.

Terra: A senhora está morando em um hotel?
Não, eu tenho uma casa com condições necessárias para morar, e também alimentação.

Terra: E a comida brasileira? É muito diferente da cozinha de Cuba?
É bem parecida com a cubana. Arroz, feijão, frango, carne de porco, muito boa.

Terra: Sua filha tem 15 anos, ela está estudando e vai ser médica também?
Oxalá (risos).
Terra: Oxalá é uma expressão usada muito no Brasil, é típica brasileira...
É esperança (risos).
ENTENDA O 'MAIS MÉDICOS'
- Profissionais receberão bolsa de R$ 10 mil, mais ajuda de custo, e farão especialização em atenção básica durante os três anos do programa.
- As vagas serão oferecidas prioritariamente a médicos brasileiros, interessados em atuar nas regiões onde faltam profissionais.
- No caso do não preenchimento de todas as vagas, o Brasil aceitará candidaturas de estrangeiros. Eles não precisarão passar pela prova de revalidação do diploma
- O médico estrangeiro que vier ao Brasil deverá atuar na região indicada previamente pelo governo federal, seguindo a demanda dos municípios.
- Criação de 11,5 mil novas vagas de medicina em universidades federais e 12 mil de residência em todo o País, além da inclusão de um ciclo de dois anos na graduação em que os estudantes atuarão no Sistema Único de Saúde (SUS).

Especial para Terra