Centro de Terremotos da USP confirma tremor de terra de magnitude 1,8 no Califórnia
Dados foram registrados em estações de medição próximas a Londrina/Tremores de magnitude equivalente a 1,8 graus na Escala Richter foram sentidos na manhã de segunda-feira (Crédito: Gilberto Abelha / JL)
Os tremores e os estrondos sentidos pelos moradores do Jardim Califórnia, zona leste de Londrina, na manhã de segunda-feira (14), foram causados por um abalo sísmico natural. A conclusão é do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP), com base nos registros de estações de medição de terremotos. O abalo teve magnitude equivalente a 1,8 na Escala Richter e foi considerado pequeno.
Por volta das 6h15, um forte estrondo foi ouvido na vizinhança, seguido por um tremor que chegou a balançar os móveis de algumas casas. Ângela Maria Locatelli Pedrão, moradora do bairro, confirmou ao JL que está ouvindo os barulhos desde a última quinta-feira (10).
“Estava em casa e ouvi um estrondo”, lembrou. “Os vizinhos começaram a comentar uns com os outros sobre os tremores e alguém teria ouvido da Sanepar que não seria nada grave. Hoje [segunda], tudo se repetiu. Acordei às 4h20 com um tremor, e às 6h15 parecia que minha casa ia cair. A cama chegou a balançar no chão”, disse, assustada.
De acordo com o técnico do Centro de Sismologia da USP, José Roberto Barbosa, o tremor de terra foi registrado de forma mais intensa pela estação de Fartura, distante pouco mais de 160 quilômetros de Londrina. A informação mudou de segunda para terça-feira por conta dos relatos dos moradores do Jardim Califórnia a respeito do ocorrido.
“Conforme foram chegando as informações sobre o tremor fomos buscar os registros das estações minuto a minuto. E por volta das 6h16 havia lá a informação de um tremor de terra cujo epicentro foi no meio do Jardim Califórnia”, explicou. A palavra terremoto é evitada pelo técnico, já que o termo é usado em sismos mais graves, quando há grandes danos.
Para o professor de Geociência da Universidade Estadual de Londrina (UEL), José Paulo Pinese, a informação é considerada uma novidade, mas de certa forma já esperada. “Temos hoje uma rede de equipamentos de detecção de terremotos e tremores que nos permite avaliar dados praticamente em tempo real. A precisão desses equipamentos também melhorou muito e agora é possível detectar até mesmo tremores menores, como foi esse do Jardim Califórnia”, disse.
O que causa um tremor de terra?
O que nós conhecemos como terra firme na verdade são placas de rocha boiando sobre o núcleo líquido do planeta Terra. Quando duas dessas placas se tocam nas extremidades, uma grande quantidade de energia é liberada na forma de ondas que se propagam desde o epicentro até a superfície. Essas ondas geram a vibração que pode abalar e até mesmo derrubar estruturas – os terremotos.
Algumas regiões do planeta estão mais suscetíveis a tremores de grande intensidade, justamente por estarem na borda das chamadas placas tectônicas. Japão e Chile são dois exemplos de países cujos habitantes se acostumaram aos tremores, a ponto de serem dadas aulas de como se comportar em meio a um terremoto.
Outras, como o Brasil, estão localizadas no meio das placas, o que não impede que tremores sejam registrados. “É difícil dizer, sem um estudo aprofundado, se há alguma fissura sob a região de Londrina. Porém, há algo ali que ficou acumulando energia durante um bom tempo. De tempos em tempos essa energia é liberada na forma de ondas, que foram sentidas na forma de barulho e de tremor de terra”, explicou Barbosa.
Às vezes, comentou o técnico da USP, outros micro-tremores acontecem e passam quase que despercebidos pela população. “Sabe quando temos a sensação de que passou um caminhão pesado na rua, deu aquela vibração e logo parou? Isso pode ser um desses tremores de terra menores”, disse. Para registrar essas ocorrências, o Centro de Sismologia da USP tem em sua página um espaço para que moradores de bairros onde foram sentidos os tremores possam fazer o registro do caso. do JL/Jornal de Londrina